quinta-feira, 9 de abril de 2009

Inúmeras possibilidades que o universo apresenta. Não é papo de doidão não, mas percebo que a cada meia hora de vida uma pessoa muito talentosa consegue extrair um roteiro de longa. Continuando a ego trip...
estava eu aqui em casa, esperando a minha manicure chegar. Não sou do tipo que espera a manicure chegar, mas enfim, um dia conto a história, minha manicure é uma figuraça. E ela chegou com seu filhinho de 1 ano com o rosto pintado de coelho da Páscoa. Ela fazia a minha unha e o menininho derrubava tudo ao nosso redor. Quando ela pintava os meus pés, me lembrei que hoje comemoramos a última ceia e o ritual do lava-pés, na cultura cristã. E lá estava ela, mais que lavando meus pés, mas embelezando-os. Pensei o que nos une é muito além dessa prestação de serviço que se dá toda quinta-feira. A gente conversa e hoje ela trouxe o filho para conhecer "a tia". E eu, queijomaníaca, dei queijo para o menino comer pela primeira vez, e fiz mais uma vítima. O menininho de 1 ano grudou nessa droga alternativa feita de leite.
A gente divide o nosso tempo. Sua forma de ver a vida, seu bom-humor acabam fazendo parte da minha vida, até de maneira inconsciente. Mas tenho certeza de que também convivo com ela, além desse momento semanal. Ai, como queria escrever um roteiro sobre uma história parecida, que fosse diferente dos filmes que já foram feitos sobre o tema. Sei lá, um Caçador de Pipas, menos fábula e menos inferno, sobretudo, feminino.
A unha atrasou e fui para o mercado, enrolada, bati com o carrinho do vizinho, na verdade, nunca fui motorista que se preze. O cara sorriu pra mim e eu pensei que poderia estar numa daquelas crônicas engraçadíssimas do Veríssimo, onde os diálogos surpreendentes simplesmente brotam. Mas abaixei o rosto e segui pelas gôndolas. Encontrei de novo com o cara perto dos vinhos e me dei conta que não, não era uma crônica do Veríssimo, talvez, uma comédia romântica, uma série americana, eis que ele pergunta:
_ Comprando vinho pra Páscoa?

Meu Deus, hoje é quinta-feira e esse cara tá comprando vinho para o domingo???? Não tive outra alternativa a não ser responder.
_Não
_ Ah, tá... Por que então?
_ Coisa de bêbado
Achei ele intruso e a única maneira de responder foi como se estivesse num filme noir. Me senti o Bogart prestes a dar uma baforada e fiquei muito feliz com isso. Abandonei o abusadinho com um vinho na mão e querendo saber sobre a qualidade da marca.
Voltei para casa. No caminho, uma gangue de menininhos-mau-encarados-zona-sul-de-niterói. Mesmo assim fiquei com medo. Mulher, sozinha se sente desprotegida, ainda mais quando eles tinham pedaços de pau na mão. Andaram atrás de mim por uns 10 minutos, mas nada aconteceu. Mais um gênero cinematográfico a se explorar, mais um roteiro perdido. Esse podia, na verdade, estar até naquele primeiro filme que não escrevi, o sobre mulheres, e contratar mostrando também esse universo masculino.
Onde está o gênio perdido que não escreve todas essas histórias enquanto seguimos a nossa rotina banal. Como se escreve o Anjo Exterminador, Antes do pôr-do-sol, Quanto mais quente melhor, No silêncio da noite e tantas outras maravilhas por aí. Quantas não estão perdidas, porém, sugeridas por toda a parte.
Lamento eu não ser o Carrière e tirar pérolas do nariz do dia a dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário