Chorar até as lágrimas molharem o pescoço .Acordar com aquele olho inchado, não comer, não dormir, desligar o telefone. Depois, perceber que era mais uma egotrip descontrol e voltar à vida sem nenhuma seqüela. Quantas mulheres já não fizeram isso. Ouvir Cauby, escrever cartas para não entregar, e na segunda-feira se entregar sem medo à própria rotina, como depois de um sonho ruim. Queria entender a necessidade dessas viagens ao inferno que algumas vezes fazemos, sem muita necessidade. Serão os hormônios, ou a nossa necessidade de encontrar os próprios demônios? Não sei. Mas sei que essas viagens clareiam um pouco a nossa percepção, nos fazem pensar em coisas que não pensaríamos normalmente.
Assisti “A fronteira da Alvorada” de Phillippe Garrel e provavelmente foi o que desencadeou essa egotrip novinha em folha. O filme fala sobre várias facetas do amor e da felicidade. A felicidade burguesa aparece como meta e ao mesmo tempo motivo de fuga. O amor romântico e o amor doentio desfilam nos mais lindos tons de cinza da fotografia. Nada é total, nenhuma felicidade é plena. Essas são as lentes da nossa geração complicada, que não luta por nenhum objetivo coletivo e acaba um pouco perdida nos desígnios incertos do amor, que parece ser o único tema universal que ainda prevalece.
Depois dessa, prefiro voltar aos anos 50, ver uns musicais com o Fred Astaire e me isolar no Tecnicolor. Não há crise ao som de Cole Porter, esse sim, atemporal.
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