um menino preto
cava buracos nas suas costas
sem pá de plástico verde
usa as unhas, braços, costelas
lá embaixo escreve poemas
que encontram
a água do mar
você febril
sonha com um labrador
nadando em buracos do mar
nas franjas da colcha
conchas
beijo suas costas
palmo a palmo
cheiro morno
mãos dadas
embaixo da coberta
sonhamos
um menino-buraco cava
costas nos nossos pretos
poemas escrevem buracos
de água do mar
"é proibido matar mosquitos na parede"
nossa rota
nossa casa
mania nossa
cavar buracos
nas costas
de sonhos-meninos
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