quinta-feira, 7 de março de 2013

Carteira

perdi minha carteira ontem. ela escapuliu da minha bolsa enquanto andava de bicicleta. Descobri na hora de sair de casa, cancelei cartões, mudei os planos, e não pude dirigir. fiquei um dia inteiro pensando que a minha carteira seria encontrada e devolvida. E foi. Entregaram na academia com tudo lá direitinho do jeito que eu deixei. Ao resgatá-la, que me dei conta dos tantos rastros que deixei lá: o que carrego na minha carteira diz muito sobre mim. Carteira de estudante, minha e do meu namorado, canhotos de compras banais, um dólar que ganhei em 86 e guardo até hoje para dar sorte, uma ficha de videokê, igualmente para dar sorte, um band-aid, cartões de visita, 19 reais trocados, 2 cetimos de euro, uma outra moeda que não reconheço, bilhete único e a carteira da academia que me rastreou. Sou séries de números, sou fotos 3 por 4, sou cartões de plastico, sou moedas estranhas, e um curativo amarrotado. Sou também o que não está na carteira: a foto do cachorro que ainda vou ter, a chave do portão imaginário, cartas de baralho, assinaturas que não existem, e óculos para miopia que cabem no porta-moeda. Somos sempre a poesia do entra e do que não entra nas nossas seleções. Somos níquel, números, folhas, fotos, lixo e buracos. E sempre podemos perder e reencontrar o que carregamos.

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