sexta-feira, 13 de abril de 2012

A paixão existe em planos detalhes. Metonímica. Como as melhores cenas de um filme que vão parar no youtube para serem vistas indefinidamente, cheias de links relacionados num looping infinito. Os sentidos são sentidos como nunca e a mente monta as melhores sequências, tanto de memórias vividas quanto imaginadas. Essas cenas prontas repetem na cabeça, geram prazer, se retroalimentam em seu próprio repertório, para mais uma vez repetir e encontrar prazer. A felicidade é o desejo de repetição, eu li quando era adolescente e entendi sem nunca ter me apaixonado. Se recuperar da paixão é obrigar o olhar, o ouvido, a pele a voltar ao plano geral, aos tempos mortos, e tentar criar um distanciamento com a nossa própria narrativa. Mais ainda, interromper o desejo de repetição, ou, na melhor das hipóteses, reconfigurá-lo. E por isso é tão difícil: o close é um desejo permanente dos nossos sentidos. Dizer não para esse apelo é quase negar a nossa própria existência.

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