quarta-feira, 2 de junho de 2010
A distância do prédio vizinho
Trabalho burocraticamente na véspera do feriado, até que percebo que a fresta da minha janela enquadra exatamente o janelão do INSS aqui em frente. Daqui do meu cúbilo, olho para eles, os outros, como se vivessem naquela gaiola envidraçada, naquele laboratório de onde os observo à distancia. Vejo, em tons de cinza, estantes, gavetas, arquivos, recados pregados em paredes improvisadas, mesas desarrumadas, funcionários que gritam exaltados e eu não escuto. Daqui da fresta da minha janela eu vejo o nada. E penso que se no lugar dessa janela eu visse um espelho, talvez eu teria a mesma cena, a mesma impressão, os mesmos cinzas. Como será esse lugar aconchegante que parece um ninho, à distância do prédio vizinho?
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